Alguns dos experimentos da tecnologia mostram que a latência ainda não é aquela prometida por Elon Musk


Os usuários beta do serviço de banda larga via satélite Starlink da SpaceX estão recebendo velocidades de download variando entre 11 Mbps e 60 Mbps. Os testes de velocidade, conduzidos com a ferramenta speedtest.net da Ookla, mostraram que o upload varia de 5 Mbps a 18 Mbps. 

Os mesmos testes, conduzidos nas últimas duas semanas, mostraram latências (taxas de ping) alternando entre 31 ms e 94 ms. Contudo, esse não é um estudo abrangente das velocidades e latências da Starlink, então não está claro se é isso que os futuros usuários da internet da Starlink devem esperar quando o sistema estiver completamente funcional.

Links para 11 testes de velocidade de usuários anônimos da internet via satélite foram postados no Reddit nesta quinta-feira (13). Outro usuário da rede social compilou os resultados de alguns testes e os reuniu no gráfico a seguir.

Testes de velocidade da Starlink. Imagem: Reprodução

 Usuários beta devem assinar um termo de sigilo, o que significa que esses testes de velocidade podem ser um dos únicos vislumbres que teremos do desempenho da internet antes de seu lançamento oficial. A SpaceX disse à Comissão Federal de Comunicações (FCC) que a Starlink acabaria atingindo velocidades de gigabit, afirmando que "uma vez totalmente otimizado por meio da implantação final, o sistema será capaz de fornecer alta largura de banda (até 1 Gbps por usuário), serviços de banda larga de baixa latência para consumidores e empresas nos Estados Unidos e em todo o mundo". Até o momento, a empresa lançou mais de 600 satélites, e já tem permissão da FCC para lançar cerca de 12 mil.

Embora 60 Mbps não seja um gigabit, está no mesmo nível de alguns sinais a cabo mais fracos, e é muito maior do que a maioria das velocidades oferecidas por muitos serviços DSL nas áreas rurais, locais interessantes para a SpaceX.

No Reddit, alguns usuários da internet disseram que adorariam receber as velocidades mostradas nos testes da Starlink, já que atualmente estão presos a 1 Mbps ou até menos. Um relatório da Ookla sobre velocidades de banda larga fixa em dezembro de 2018 encontrou velocidades médias de download de 96,25 Mbps e uploads médios de 32,88 Mbps nos EUA. A SpaceX planeja ter até cinco milhões de assinantes no país.


Latência

Em março deste ano, o CEO da SpaceX, Elon Musk, afirmou que o objetivo da empresa é "a latência abaixo de 20 milissegundos, para que alguém possa jogar um videogame de resposta rápida em um nível competitivo". Os satélites Starlink estão em órbitas baixas, de 540 km a 570 km, tornando-os capazes de latências menores do que os satélites geoestacionários que orbitam a 35.000 km.

Ajit Pai, presidente da FCC, duvidou das alegações de Musk e, em maio, propôs classificar a SpaceX e todas as outras operadoras de satélite como provedores de alta latência (acima de 100 ms). A FCC desistiu desse plano, desde que as empresas provem que podem oferecer baixa latência.

Elon Musk, CEO da SpaceX. Imagem: Reprodução

A latência (ou ping) mede o tempo de ida e volta em milissegundos quando um dispositivo envia uma mensagem ao servidor e o servidor responde. Segundo a FCC, a latência de uma rede de satélites "consiste no 'atraso de propagação', o tempo que uma onda de rádio leva para viajar do satélite à superfície da Terra e de volta, e o 'atraso de processamento', o tempo que leva para a rede processar dados".

Os testes da FCC mostraram que "as latências do cabo variaram entre 18 ms e 24 ms, da fibra entre 5 ms a 12 ms e DSL entre 27 ms e 55 ms". Satélites geoestacionários têm ping médio de 600 ms, mas isso não indica como será a velocidade da Starlink, já que a altitude dos satélites é diferente.

Embora as velocidades dos testes da Ookla não atinjam a meta de Musk, estão abaixo do limite de 100 ms da FCC. Os testes foram feitos em servidores em Seattle e Los Angeles, como mostrou a publicação no Reddit. A SpaceX pretende testar sua internet entre o norte dos EUA e o sul do Canadá, mas aparentemente está concentrada nas áreas rurais do estado de Washington por enquanto.

Via: Ars Technica