Disney faz pouco caso da Netflix e aponta crise na TV paga para bombar no Brasil


A um mês de estrear no Brasil, o Disney+ será lançado sem grande preocupação com a concorrência. A empresa do Mickey entende que os catálogos de Netflix e Amazon Prime Video não têm a "conexão emocional" das produções oferecidas pela nova plataforma. Além disso, a redução no número de assinantes na TV paga é outro fator apontado pela companhia para crescer rapidamente no mercado brasileiro.

O filme O Rei Leão será uma das atrações do Disney+; streaming será lançado em 17 de novembro

Desde setembro, a Disney já vem "preparando o terreno" para indicar aos consumidores que todas as produções da empresa serão encontradas no novo streaming em 17 de novembro, data de lançamento do serviço que tem sido divulgado em comerciais na TV por assinatura e em propagandas na web.

Um outro passo para a chegada do Disney+ no Brasil foi retirar a "magia" do Prime Video. A plataforma da Amazon manteve uma parceria com a companhia que é dona dos filmes da Marvel e da Pixar entre outubro de 2019 e setembro deste ano. Com o fim do acordo, o serviço foi esvaziado e perdeu quase 60 produções.

O Prime Video adotará no Brasil o mesmo modelo que tem em outros países e que a Netflix passou a fazer nos últimos anos: investir em conteúdo original. A Disney acredita que, apesar dos conteúdos de qualidade que as potenciais rivais produzem, elas não têm o fator do apelo emocional.

Essa visão ficou evidente na entrevista que Diego Lerner, presidente da Disney na América Latina, concedeu à revista Veja na última semana. "Existe uma distinção com relação às outras marcas. Ninguém, por exemplo, usaria uma camisa estampada por essas outras plataformas. A Disney tem uma conexão emocional inigualável com o consumidor. Isso se soma ao conteúdo diferenciado", disse. 

"Não estou desmerecendo os outros concorrentes, mas não posso colocar nossos produtos no mesmo nível. Netflix e Amazon Prime criaram um hábito de consumo digital com personalidades próprias. Mas, se você vai à Netflix, procura por filmes e séries, não pela marca em si. É diferente do nosso caso", analisou o executivo.
O que vai ter no Disney+?

O que valoriza o passe do Disney+ é justamente seu catálogo, repleto de sucessos que marcaram a infância de várias gerações. Desde o clássico Branca de Neve e os Sete Anões (1937) ao live-action de Aladdin (2019), longas de todos os gêneros estarão disponíveis com exclusividade no serviço. Não haverá mais a possibilidade de alugá-los em outras plataformas.

Entre as séries inéditas, o destaque é para The Mandalorian, situada no universo de Star Wars, que chega por aqui já com duas temporadas disponíveis e aclamada pela crítica com oito estatuetas no Emmy 2020. Para os teens, há uma atração baseada na trilogia High School Musical.


O serviço também terá programas com outras franquias famosas da Disney, como o Universo Cinematográfico da Marvel, os fantoches dos Muppets e até uma versão televisiva da trilogia Nós Somos os Campeões. Os documentários do National Geographic estão no catálogo.

"Essa é a estratégia da Disney em toda a sua vida. Sempre focamos no conteúdo e não na sua distribuição. Quando a companhia investiu na compra de Star Wars, Marvel e Pixar, fizemos porque eram produtos de muita força, com absoluta conexão com o público", explicou Lerner.

A Disney ainda promete produzir conteúdos próprios para o Brasil, que está incluído, por dois motivos, entre os 10 maiores mercados da empresa.

"Primeiro porque o brasileiro tem uma alta adesão à tecnologia. O entusiasmo de vocês [brasileiros] é impressionante. Segundo porque há uma clara diminuição da indústria de TV paga no mercado nacional, como consequência da migração de consumidores para as ofertas digitais", falou o executivo à Veja.


Quanto custa o Disney+?
Os preços dos planos ainda não foram divulgados oficialmente pela gigante de streaming, mas o Notícias da TV antecipou que a plataforma chegará ao Brasil "com preço de Netflix".

O plano principal terá um custo de R$ 29 por mês, um valor bem próximo ao do pacote padrão da rival popular (R$ 32,90). Diego Lerner afirmou que ainda terá opções "na faixa de menor preço da Netflix [atualmente R$ 21,90, plano básico sem imagens em alta definição]".

Além do apelo emocional do catálogo Disney, a empresa acredita que a "economia" que os brasileiros estão fazendo ao cancelarem as assinaturas de TV paga (foram 2,7 milhões de contratos a menos em dois anos, com quedas sucessivas desde junho de 2018) poderá ajudar o novo streaming da empresa do Mickey no Brasil.

"Com o aperto na economia, o brasileiro está seletivo nos gastos em entretenimento. A TV a cabo, por exemplo, vem sofrendo muito. Você paga caro por um serviço que oferece mais de 100 canais. E na verdade assiste a, no máximo, 10. Esse tipo de produto será cada vez mais questionado. Isso deve desencadear uma competição saudável na indústria", opinou.

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