A internet que conhecemos hoje começou a ser desenvolvida há mais de 50 anos. Na época batizada de ARPANET, a rede era bastante arcaica, mas já tinha conceitos parecidos com os atuais. Aliás, não é atoa que a ARPANET é conhecida como a “mãe” da web atual.

No entanto, para que a ARPANET entrasse no ar em 29 de outubro de 1969, alguém precisou ter criado ela, mas quem foi? Em comemoração aos 52 anos da criação da “mãe” da internet (ou uma delas), o Olhar Digital preparou uma série de matérias especiais sobre essa tecnologia que, sem dúvida, mudou os rumos da humanidade.


Primeiro é importante entender que a ARPANET foi criada pelos Estados Unidos durante o auge da Guerra Fria e bom, como quase tudo criado por eles nessa época, a principal intenção com a rede de computadores conectados era o uso militar. Essa versão da web foi desenvolvida para transmitir informações confidenciais de forma mais eficiente entre os diversos departamentos do governo americano.


Sendo de uso militar, é esperado que a ARPANET tenha sido criada justamente pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, mas especificamente pela então Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA na sigla em inglês), que era ligada ao órgão de defesa. Com isso em mente, saiba que não foi apenas uma pessoa que desenvolveu essa tecnologia.

Sala na UCLA onde aconteceu a primeira conexão à ARPANET, hoje Kleinrock Internet Heritage Site and Archive. O “armário” bege no canto direito é um IMP, o primeiro roteador.

Quem criou a ARPANET?
No geral, os conceitos de design da rede foram desenvolvidos por um grupo de cinco cientistas: Leonard Kleinrock, Paul Baran, Donald Davies e Lawrence “Larry” Roberts. Mas eles não foram, nem de longe, os únicos envolvidos com o projeto. Robert Kahn e Vint Cerf trabalharam nos protocolos de comunicação entre computadores TCP/IP, utilizando conceitos do francês Louis Pouzin.

Lawrence “Larry” Roberts (Imagem: Divulgação)

Bom, já sabemos quem foram os principais cientistas responsáveis, mas quem teve a ideia da ARPANET? O conceito de uma rede de computadores interligados já existia bem antes da rede ser desenvolvida. O cientista da computação Joseph Carl Licklider, em 1963, foi um dos primeiros a detalhar a ideia. Isso fez, justamente, com que ele fosse contratado pela ARPA.



Mesmo que Licklider tenha deixado a agência antes que fosse colocado no projeto, foi ele quem convenceu Ivan Sutherland e Bob Taylor de que era importante desenvolver a ARPANET. Então aqui temos os dois responsáveis por levarem o projeto para a agência.

Na ARPA, Charles Herzfeld foi convencido pela dupla a financiar o projeto e, a partir daí, começou o desenvolvimento. O relatório inicial foi criado por Larry Roberts, que propôs todo o plano para que a ARPANET ganhasse vida. A equipe ainda ganhou o auxílio que Frank Heart e incluiu Robert Kahn e Howard Frank, que lideraram o grupo dos sete cientistas iniciais mencionados no começo da matéria.

Com tantos nomes, vamos relembrar alguns que se destacaram:

  • Lawrence “Larry” Roberts é considerado o principal nome do projeto da ARPANET. Foi ele quem teve a ideia de partilhar recursos através da rede que estava sendo desenvolvida para acelerar o processo. Larry já havia atuado também no MIT e tinha experiência com computação.
  • Robert Kahn foi o responsável pela criação do Transmission Control Protocol (TCP), utilizado até hoje para transmitir dados pela internet.
  • Howard Frank foi PhD em engenharia elétrica e co-escreveu a proposta que foi aprovada pela ARPA. Antes disso, trabalhou na criação de um sistema de dutos de gás natural nos EUA.

  • Leonard Kleinrock é engenheiro e cientista da computação e professor de ciência da computação da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Ele criou a teoria das filas, usada como base para a tecnologia que criou a ARPANET.

  • Ivan Edward Sutherland foi um especialista em informática que desenvolveu o editor gráfico Sketchpad, em 1963, para o MIT, aplicação considerada revolucionária na época.

Esses são apenas alguns dos dezenas de cientistas e especialistas que trabalharam no projeto. A ARPANET permaneceu um projeto governamental até 1990, quando foi dissolvida. Seus principais usuários eram centros de pesquisas, universidades e empresas que trabalhavam em projetos para a DARPA, e o uso comercial era proibido. Foi só em 1989 que o grande público pôde participar, ainda que de forma indireta.