Motorola lança site para vender celular mais barato a pequenas empresas

Segunda maior fabricante do Brasil, empresa busca expandir seu braço corporativo — onde demandas digitais crescem com home office e a crise do coronavírus

Moto G8 Plus: com nova plataforma, aparelhos da Motorola serão vendidos direto da fábrica para clientes corporativos (Motorola/Divulgação)

A fabricante de celulares Motorola está alavancando seus serviços corporativos. A companhia, controlada pela chinesa Lenovo, anunciou o lançamento no Brasil de uma plataforma para venda direta de seus celulares a pequenas e médias companhias, o “Motorola Empresas”, já disponível para compras nesta semana.

A demanda por aparelhos de tecnologia no mundo corporativo está em alta em meio à pandemia do novo coronavírus: com mais de 70% das empresas em home office nas últimas semanas, muitas precisaram estruturar um plano de ação para o trabalho remoto em poucos dias.

A fabricante já trabalhava há cinco anos com vendas corporativas no Brasil, mas com foco em vendas personalizadas para companhias maiores. Com o novo site para empresas, as compras conseguem ser feitas em um modelo mais rápido, totalmente pela internet. É um dos maiores passos da Motorola no segmento B2B (business to business, de vendas direto para empresas) no Brasil.

James Mattos, diretor de vendas corporativas da Motorola, afirma que o negócio vinha sendo pensado e testado de forma piloto desde o ano passado, muito antes da crise do coronavírus. Mas o cenário atual das empresas reforça a necessidade dos serviços de tecnologia corporativos.

“A quantidade de acesso que tivemos nesse primeiro momento por causa do tema da quarentena foi um absurdo”, diz Mattos. A Motorola não revela quantas vendas corporativas já fez nos últimos anos para grandes empresas ou quanto projeta vender no novo serviço para PMEs.

Serão oferecidos descontos progressivos, que farão com que os aparelhos sejam, no geral, mais baratos do que os vendidos a pessoas físicas. Os descontos são maiores a depender do volume de aparelhos que a empresa precisar adquirir — com descontos maiores para compras massivas. O pedido mínimo é de cinco celulares. Só empresas com CNPJ podem se cadastrar para fazer as compras.

Mattos acredita que o diferencial do serviço é oferecer compra direto da fábrica, o que garante preços mais vantajosos. A Motorola também já vende direto da fábrica para pessoas físicas, que podem comprar no site da empresa, sem intermédio de varejistas. A logística é feita com transportadoras parceiras, como a Loggi. Em centros urbanos como São Paulo, muitas entregas já são feitas em um ou dois dias para pessoas físicas, diz a empresa.

A Motorola passou os últimos anos aprimorando o processo de logística no braço de vendas diretas para usuários pessoa física, e Mattos afirma que parte dessa expertise foi também usada na construção da plataforma corporativa. “Temos entregas rápidas, em poucos dias. Mas tivemos de desenvolver essa frente para escoar a produção da fábrica para as empresas com qualidade. Como é uma carga muito visada, algumas entregas precisam até de escolta, o que é um pouco diferente das vendas unitárias para pessoa física”, diz.

O foco são tanto revendedores e pequenas lojas, que compram para revender a clientes pessoa física ou varejistas, quanto pequenas e médias empresas de diversos setores, de segmento de serviços a escritórios de advocacia.

No formato de vendas anterior, que era menos automatizado, sem o e-commerce online, as pequenas empresas poderiam ter mais dificuldade para fazer pedidos e orçamento, diz Mattos. “Tem empresa que é pequena mas também precisa dos aparelhos, tem funcionário que faz serviço externo, funcionário que está em home office”, afirma o executivo.

James Mattos, diretor de vendas corporativas da Motorola: além da venda de aparelhos, investimento em ferramentas de software corporativo (Motorola/Divulgação)

Junto com a venda dos aparelhos, a Motorola planeja alavancar seu braço de softwares e outras ferramentas corporativas. É um mercado que já tem nomes que vão de Microsoft a Trello, Zoom, Google e outras, mas a Motorola acredita que tem soluções específicas capazes de acrescentar produtividade à rotina das empresas parceiras.

Uma das ferramentas que já vêm sendo disponibilizadas é com a tecnologia Iden — usada, por exemplo, nos “radinhos” da Nextel, e vendida a grandes empresas no Brasil e no exterior nos países onde a Motorola opera. A Motorola tentou por um tempo alavancar a opção entre clientes pessoas físicas, mas percebeu que era um serviço mais aceito entre as empresas.

O mote de vendas é “transforme a comunicação de sua equipe em um verdadeiro walkie-talkie”, escreve a Motorola em seu site. Hoje, a ferramenta é oferecida por meio de um aplicativo pago, o Mototalk — que terá 30 dias gratuitos para os clientes da Motorola Empresas, com o objetivo de expandir a funcionalidade também entre PMEs.

O app traz, além da comunicação direta, ferramentas como geolocalização (para que gestores consigam acompanhar o deslocamento dos funcionários com o aparelho corporativo), ponto eletrônico e gestão de tarefas conectada entre os aparelhos. “Existem várias ferramentas para se comunicar hoje, mas essa facilidade de ter os contatos todos ali, apertar um botão e já falar com as pessoas, ainda é uma demanda no mundo corporativo que o nosso serviço consegue atender”, diz Mattos.

O executivo afirma que outros produtos de software e ferramentas estão sendo desenvolvidos para o universo corporativo e serão anunciados em breve.

Embora a Motorola já venda celulares corporativos e ferramentas como o Iden no exterior, o Brasil tem algumas particularidades que o e-commerce direto com as empresas pode endereçar. “Em vários países, muita venda corporativa acontece pelas nossas parcerias com as operadoras, que acabam sendo intermediárias”, diz. No Brasil, como há pouca tradição histórica de planos de operadoras, principalmente para pessoas físicas, o varejo se torna mais importante. “Um contato mais próximo dos clientes conosco, os fabricantes, faz mais sentido no Brasil.”

Com sucesso no mercado de pessoas físicas, a Motorola se tornou a segunda maior fabricante de celulares no Brasil e na América Latina, atrás da sul-coreana Samsung. A importância do mercado brasileiro é tanta que o atual presidente global da Motorola é desde 2018 o brasileiro Sergio Buniac, na empresa desde 1996. No ano fiscal de 2019, a empresa teve seu primeiro lucro anual em dez anos, conforme revelou Buniac em entrevista anterior à EXAME.

A Motorola ficou conhecida no país por seus modelos de preço intermediário, como as linhas Moto G, abaixo de 1.500 reais, além dos novos Motorola One. Em abril deste ano, a empresa lançou também o Motorola Edge e o Edge+, este último o primeiro modelo top de linha da empresa no Brasil desde 2017 e que briga com iPhone e Samsung Galaxy S20. Para os próximos meses, a fabricante deve lançar outros dois novos modelos: uma versão plus do One Vision e o Moto E7, parte da nova geração da família E, que tem preços mais em conta do que a família Moto G.

Mattos acredita que características dos celulares Motorola podem ser atrativas às empresas, como o que ele avalia como bateria de boa duração, durabilidade e bom preço. A plataforma para empresas terá aparelhos de todos os tipos (e preços). “Tem empresa ou área da empresa que precisa de um celular mais caro, com mais bateria, mais qualidade de câmera. Para outros, modelos de entrada resolvem. Temos confiança no nosso portfólio para oferecer todas essas soluções”, diz Mattos.

Agora, o objetivo é trazer a boa imagem construída entre os consumidores brasileiros também para o lucrativo mundo das corporações — grandes e pequenas.

Fonte: Exame

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